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O perigo do maniqueísmo na política acreana: a anistia como campo de batalha

Foto: Imagem gerada por IA

A política brasileira – assim como a acreana – vive um momento de radicalização perigosa, onde pautas complexas são reduzidas a um jogo binário de “quem não está conosco está contra nós”. A discussão sobre a anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro é o exemplo mais recente desse maniqueísmo tóxico: de um lado, os que defendem a medida são automaticamente alinhados ao bolsonarismo; do outro, os que se opõem são catalogados como lulistas. Essa simplificação grosseira não só empobrece o debate, mas também mina a democracia, transformando divergências legítimas em trincheiras ideológicas.

 

Ontem, domingo (6), manifestações pelo país mostraram como esse racha se aprofunda. Em Rio Branco, os próprios bolsonaristas se dividiram entre um evento em restaurante, cheio de políticos e comissionados, e outro na Assembleia Legislativa, organizado por autointitulados “patriotas de verdade”. A cena é emblemática: até dentro de um mesmo campo político, a pureza ideológica se torna critério de exclusão. Quem não adere ao discurso radical é visto como traidor — e assim, a política deixa de ser espaço de negociação para virar arena de fanatismos.

 

Por que isso é ruim para a democracia?

 

1. Sufoca o debate racional – A anistia é um tema jurídico e histórico delicado, que deveria ser discutido com nuances. Em vez disso, virou um símbolo de lealdade quase que tribal. Quando o mérito da proposta é ignorado em favor de rótulos, perde-se a capacidade de construir soluções.

 

2. Alimenta a polarização – O maniqueísmo afasta moderados e fortalece extremos. Se só há dois lados possíveis, não há espaço para quem busca equilíbrio ou reformismo. O resultado? Uma política cada vez mais raivosa e menos eficaz.

 

3. Desvia o foco dos reais problemas – Enquanto bolsonaristas e lulistas brigam por bandeiras simbólicas, o Acre segue com desafios concretos: desemprego e infraestrutura. Políticos que alimentam essa guerra ideológica o fazem porque é mais fácil mobilizar paixões do que resolver problemas.

 

Há saída?

 

A história mostra que, em meio a radicalismos, os políticos que apostam no pragmatismo saem fortalecidos no longo prazo. No Acre e no Brasil, aqueles que conseguirem se desvencilhar desse jogo de “nós contra eles” — focando em propostas e não em brigas de narrativa — podem colher frutos quando a poeira baixar. Afinal, a maioria da população não quer escolher entre dois extremos; quer respostas.

 

Enquanto isso, seguiremos assistindo cenas de uma política que, ao trocar a substância pelo simbolismo, perdeu de vista seu verdadeiro propósito: servir.

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