Elon Musk, o homem mais rico do mundo, agora faz parte do novo governo de Donald Trump. Ele assume o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), a fim de dar conselhos para o novo presidente americano sobre onde cortar gastos públicos.
A participação de destaque do bilionário nascido na África do Sul em um governo americano — ainda que o departamento não seja um órgão oficial — mostra o quanto o dono do X aumentou sua influência nos Estados Unidos.
Isso não veio sem custos: Musk gastou cerca de US$ 200 milhões em apoio a Trump, de acordo com a Associated Press. Agora chamado ironicamente de “presidente Musk” pelos críticos do republicano, ele quer continuar ajudando a eleger candidatos do partido.
Apesar das ambições políticas do bilionário, Trump se adiantou em dizer que Musk nunca poderá ser presidente dos EUA. Isso porque a Constituição americana exige que este cargo seja ocupado por alguém que nasceu no país.
Musk já havia participado do primeiro mandato de Trump, no início de 2017, em um grupo menor. Ele também tinha a função de dar conselhos ao presidente, mas abandonou a missão meses depois, por discordar da decisão do republicano de retirar os EUA do Acordo de Paris, sobre o clima.
Agora, Musk e Trump parece bem mais alinhados. E críticos apontam o risco de conflito de interesses ao permitir que o empresário tenha acesso a dados de agências federais ao mesmo tempo em que suas empresas prestam serviços para o governo.
Musk é dono da rede social X, da montadora de carros elétricos Tesla e da empresa de foguetes SpaceX. Sua fortuna é avaliada em mais de US$ 430 bilhões (cerca de R$ 2,6 trilhões), segundo a Forbes.
Durante a posse, ele comemorou quando o novo presidente citou a ideia de os EUA colocarem uma bandeira em Marte, planeta onde nenhum homem jamais pisou. E celebrou em suas redes sociais: “A América está indo para Marte”.
O dono do X tem planos de colonizar Marte com a SpaceX, que mantém contratos inclusive com o governo americano.
O que é o Departamento de Eficiência
Logo após a eleição de Trump, Musk foi apontado pelo republicano para comandar o DOGE. A sigla do departamento, aliás, leva o nome de uma criptomoeda que costuma ser promovida por Musk e dobrou de preço entre 5 de novembro, dia da eleição, e a última sexta-feira (17).
O dono do X dividiria a chefia do grupo com o também empresário Vivek Ramaswamy, que fez fortuna na área de biotecnologia e disputou as primárias republicanas para as eleições de 2024.
Mas Ramaswamy, filho de indianos, anunciou no dia da posse de Trump que abriria mão do cargo. Segundo seu porta-voz, ele decidiu se dedicar à candidatura ao governo do estado de Ohio.
Musk já disse que quer “expor o desperdício insano e a corrupção governamental” e que a missão do departamento é acabar com “as carreiras de políticos enganadores e egoístas”.
Acontece que a estrutura não será vinculada ao governo dos EUA, como acontece com os Departamentos de Estado e do Tesouro, por exemplo. Em vez disso, o DOGE funcionará como uma comissão externa, semelhante a uma consultoria.
Na prática, Musk e os demais integrantes darão sugestões de cortes de gastos, mas não terão autoridade para tirá-los do papel porque essas mudanças exigem aprovação do Congresso. O que pode ajudá-los é o fato de que Trump tem maioria tanto na Câmara quanto no Senado.
O republicano já afirmou que o DOGE funcionará até 4 de julho de 2026, quando os EUA comemorarão 250 anos de independência.
O que Musk pretende fazer?
De acordo com declarações de Trump e de Musk, o Departamento de Eficiência vai se concentrar em três frentes.
- Diminuir o orçamento dos EUA: o bilionário defendeu na campanha um corte de US$ 2 trilhões (R$ 12 trilhões), mas já admitiu que a meta é muito otimista e disse que cortar US$ 1 trilhão (R$ 6 trilhões) já seria um “feito enorme”, segundo a agência France Presse.
- Revisar regulamentações federais: Musk defende simplificar regras para empresas e já disse que há muita “regulamentação desnecessária” que precisa acabar.
- Reduzir o número de agências federais: ele quer sair das cerca de 400 para 99 agências e já declarou que “os EUA estão sendo sufocados por montanhas cada vez maiores de regulamentações irracionais de agências cada vez mais novas, que não servem a nenhum propósito além de engrandecer burocratas”.
O objetivo de Musk é que o DOGE tenha cerca de 100 pessoas, entre empresários e executivos de empresas de tecnologia, segundo o jornal The Washington Post. Trump afirmou na segunda-feira que o grupo terá 20 integrantes.
Os integrantes do novo departamento não serão funcionários públicos, e vários deles não serão remunerados. A ideia é que os participantes do grupo que não receberão salário fiquem no DOGE durante seis meses e, então, voltem para seus trabalhos regulares.
Na prática, eles deverão ser espalhados entre as diversas agências federais, tendo pelo menos dois nas principais delas, segundo adiantou o jornal The New York Times.
Musk também disse que o departamento terá um ranking sobre “os gastos mais absurdos” de impostos e prometeu divulgar todas as ações do órgão na internet.
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