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CONJUNTURA

Rebelião em Rio Branco: reflexões sobre o sistema carcerário

Fotos Ricardo Wolffenbüttel

A última rebelião no presídio Antônio Amaro, em Rio Branco, que resultou na morte de cinco detentos, sendo três deles decapitados, é um triste lembrete das falhas gritantes no sistema carcerário do Acre e do país como um todo. Esse evento chocante nos faz refletir sobre a necessidade urgente de uma abordagem mais humana e eficaz na gestão das prisões.

 

Para entender a origem dessas falhas, podemos recorrer ao pensamento do filósofo Michel Foucault, especialmente em sua obra “Vigiar e Punir”. Foucault nos alerta sobre como o poder se manifesta no sistema penal e como as prisões se tornaram instituições disciplinares, exercendo controle e normalização dos corpos dos detentos.

 

Em seu livro, Foucault discorre sobre a transformação das práticas punitivas ao longo da história, destacando que “o aparelho penal […] se torna mais fácil aplicá-lo ao menor custo, ou melhor, mais barato, a um grande número de corpos”.

 

Essa descrição nos lembra da superlotação e das péssimas condições que permeiam as prisões no Acre e em todo o país. A falta de infraestrutura adequada e de políticas efetivas de ressocialização coloca os detentos em ambientes que não possibilitam sua recuperação nem a reintegração à sociedade após o cumprimento das penas.

 

A violência e a tensão dentro das prisões são uma consequência direta dessas falhas sistêmicas. As facções criminosas encontram nesse cenário fértil um terreno propício para perpetuar sua luta pelo poder, resultando em tragédias como a rebelião recente.

 

O Acre e o país como um todo precisam encarar a questão carcerária com seriedade e empatia. Reduzir a superlotação e investir em programas de reabilitação e reintegração social são medidas urgentes para romper com a lógica punitiva e opressiva que prevalece. A transformação do sistema carcerário exige uma mudança profunda nas práticas e na mentalidade de nossa sociedade.

 

É imperativo que as autoridades e a sociedade enfrentem essa realidade com coragem e determinação, buscando alternativas ao encarceramento em massa e promovendo um olhar mais humano e inclusivo para aqueles que cometeram crimes. Somente assim poderemos caminhar rumo a um sistema carcerário mais justo e eficiente, em que a dignidade humana seja preservada e as rebeliões como essa não se repitam.

 

E neste cenário, a Assembleia Legislativa do Acre pode jogar um papel fundamental. É necessário que nossos deputados atuem com coragem e determinação para promover mudanças significativas no sistema carcerário. A retomada das atividades legislativas é uma oportunidade para que esse debate seja colocado em pauta e para que soluções mais humanas e eficazes sejam buscadas.

 

A tragédia da rebelião no presídio de Rio Branco é um grito de alerta que não pode ser ignorado.

 

CURTAS

 

De volta – Após um recesso parlamentar de duas semanas, os deputados estaduais voltam ao batente nesta terça (1º).

 

De volta² – Câmara Federal e Senado também estão de volta à labuta na mesma data.

 

Expo – O maior evento festivo e de negócios do Acre, a ExpoAcre, teve início no último fim de semana. A feira, como sempre, deve ser um sucesso. Deve movimentar milhares de pessoas e milhões de reais.

 

Caravanas – Coincidência ou não, após a rebelião do presídio em Rio Branco, o governo Lula (PT) vai iniciar uma caravana para checar as condições dos presídios que têm medida provisória da Corte Interamericana de Direitos Humanos, já em agosto. A informação foi confirmada pelo ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, no último sábado (29). Segundo ele, essas visitações são um pedido do próprio presidente.

 

PINGA-FOGO

 

Algum deputado ou senador acreano, que tem como bandeira a segurança pública, vai propor alguma mudança e/ou melhoria para o sistema carcerário do Acre ou discurso de “bandido bom é bandido morto” já basta?

 

Thiago Cabral é sociólogo e jornalista. Pernambucano radicado no Acre, trabalha como consultor em comunicação política há mais de uma década.

[email protected]

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