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Acre celebra 63 anos de emancipação entre legado histórico e desafios de integração

Foto: Marcos Vicentt

Neste domingo (15), o Acre completa 63 anos de emancipação política, marcando mais um capítulo na trajetória de um território que lutou para se tornar estado brasileiro. Elevado à categoria de unidade federativa em 15 de junho de 1962 pela Lei nº 4.070, sancionada pelo presidente João Goulart, o Acre encerrava seis décadas como território federal controlado pela União, período em que governadores eram indicados por Brasília e a população local não tinha direito a eleger seus próprios representantes . A data simboliza a vitória de movimentos autonomistas que, desde a Revolução Acreana (1903), desafiavam o centralismo do poder federal.

 

A história da emancipação acreana é marcada por revoltas sufocadas. Entre 1910 e 1918, eclodiram levantes em Cruzeiro do Sul, Sena Madureira e Rio Branco, todos reprimidos pelo Exército Brasileiro. A mais emblemática, a “Revolta dos Cem Dias” (1910), no Juruá, proclamou o Estado do Acre independente, uma resposta ao modelo de departamentos impostos por Brasília, que fragmentava o território em quatro unidades administrativas com capitais distintas. O Acre foi condenado à tutela federal, sem direitos que outros brasileiros tinham. A resistência local só obteve êxito após intensa articulação do deputado Guiomard Santos, autor do projeto de emancipação.

 

A primeira eleição democrática para governador, em 1962, surpreendeu a elite política: José Augusto de Araújo, acreano nativo, derrotou o próprio Guiomard Santos, mineiro visto como “estrangeiro”. A vitória refletia o anseio por autodeterminação após anos de governantes nomeados de outros estados. Contudo, a alegria foi breve. Em 1964, o golpe militar depôs Araújo, interrompendo a frágil democracia. A Ditadura impôs novos desafios, como políticas agrícolas que desconsideravam a vocação florestal do estado, gerando conflitos entre desenvolvimento e preservação .

 

Seis décadas depois, a BR-364 personifica os obstáculos à integração regional. Principal via terrestre ligando Rio Branco a Cruzeiro do Sul, a rodovia enfrenta degradação crônica, com trechos intransitáveis na estação chuvosa. Em maio deste ano, uma audiência pública na Aleac revelou dados alarmantes: caminhoneiros levam até 36 horas para percorrer trechos antes feitos em 12 horas, elevando custos logísticos e preços de produtos no Vale do Juruá.

 

Diante da crise, uma caravana parlamentar percorreu a rodovia entre 5 e 6 de junho, culminando em um manifesto por intervenção federal urgente. O diretor do DNIT no Acre, Ricardo Araújo, anunciou licitação de R$ 1 bilhão para reconstrução total, prevista para agosto de 2025, enquanto soluções paliativas como o macadame hidráulico* (camada de pedras sob o asfalto) são aplicadas. Durante a caravana o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) alertou: a obra deve levar três anos (verões) para ser concluída, além de uma manutenção anual de R$ 400 mil.

 

O legado histórico do Acre segue vivo: das civilizações pré-colombianas, cujos geoglifos de 2.500 anos ainda surpreendem pesquisadores, à epopeia dos seringueiros nordestinos que moldaram a identidade acreana. Em 2025, enquanto o estado busca superar isolamento e consolidar seu lugar na federação, a BR-364 sintetiza uma luta antiga: integrar geografia, economia e pessoas. Como lembra o hino estadual, o Acre ainda se ergue por “nobreza, constância e valor”, valores testados, mas não derrotados, nestes 63 anos.

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